Em meio a uma crise de queda no mercado de ações, a China declarou na quarta-feira que as empresas estatais devem comprar ações, aumentou a quantidade de seguradoras de ações que podem segurar e garantiu mais crédito para financiar as transações.
Centenas de empresas suspenderam seus negócios para discutir suas ações como resposta às medidas de emergência anunciadas durante o último fim de semana, que não foram capazes de deter a queda do principal índice bolsista da China, que despencou mais de 30% desde o início de junho.
A deterioração ameaça aumentar as tensões políticas e reativar os planos do Partido Comunista para aproveitar os mercados financeiros para tornar a economia chinesa controlada pelo Estado mais eficiente. O Partido tem o objetivo de motivar uma maior propriedade de ações públicas, mas alguns pequenos investidores que viram suas participações despencarem em valor expressaram que não farão mais compras.
Na quarta-feira, a agência do Gabinete que fiscaliza as principais empresas estatais da China anunciou que aconselhou-as a não liquidar ações e adquirir mais “para preservar a estabilidade do mercado”.
A Comissão Regulatória de Seguros da China anunciou que os ativos seguradores chineses já autorizados a investir em ações terão um aumento de 10% para 40%, em comparação com os 30% iniciais. Além disso, a quantia de ações de uma única empresa blue-chip que pode ser adquirida por uma companhia de seguros será aumentada de 5% para 10%.
O Banco Central afirmou que dará “fluidez para apoiar a estabilidade do mercado de ações” ao fornecer financiamento para as corretoras que compram ações, uma forma de empréstimo conhecido como empréstimo de margem. O Banco Popular da China não deu nenhum sinal de qual o montante de dinheiro que pode adicionar ao sistema.
A declaração do Banco Central foi apresentada durante os noticiários nacionais das 12h da televisão estadual.
As autoridades chinesas fizeram esforços para acalmar os investidores, argumentando que a queda nos preços é normal após o aumento acentuado que o Índice Composto de Xangai experimentou, aumentando mais de 150% desde 2014. O People’s Daily, jornal do Partido Comunista da China, afirmou na segunda-feira que a economia proporcionará crescimento estável e fornecerá “fundos sólidos” para um “desenvolvimento saudável dos mercados de capitais”.
A garantia não foi suficiente para impedir as quedas. Na quarta-feira, o índice de Xangai desceu 4% e o índice de Hong Kong caiu 4,2%.
Até o momento, as medidas de emergência aplicadas têm o objetivo de aumentar os preços das ações das grandes corporações públicas, enquanto as companhias pequenas e privadas receberam pouca assistência.
No fim de semana, as entidades estatais prometeram adquirir ações de empresas líderes, ou seja, ações de grandes corporações estatais.
Isso contribuiu para o aumento dos preços de grandes organizações nesta semana, como a PetroChina Ltd., a maior companhia petrolífera e de gás na Ásia. Entretanto, as ações de empresas menores decresceram.
Centenas de companhias pediram às bolsas de valores do continente para interromper a negociação de suas ações, pois os preços de algumas delas despencaram mais de 50%. Além disso, diversas ações negociadas em Hong Kong também solicitaram a suspensão.
Mais de mil empresas cessaram as transações em Xangai e na cidade do sul de Shenzhen na terça-feira, conforme relatou o China Business News. O número inicial era de 787, porém mais pedidos foram feitos no mesmo dia, aumentando essa quantia.
Isso corresponderia a aproximadamente 36% do total de 2.802 empresas listadas em Xangai e Shenzhen.
Em Hong Kong, a comercialização de ações da Sinopec, empresa estatal de petróleo do segundo país mais populoso, foi interrompida.